O ex-sindicalista Paulo Okamotto assume a presidência do Sebrae Nacional com o objetivo de aproximar ainda mais a instituição dos empreendedores.
Nos próximos dois anos, o ex-sindicalista Paulo Okamotto, 49 anos, vai comandar o Sebrae, a entidade que representa os cerca de 15 milhões de empreendedores do Brasil, entre os que têm empresas formais e os que trabalham informalmente, segundo estimativas do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Okamotto, que vinha ocupando o cargo de diretor de administração e finanças da instituição, tem à sua disposição uma estrutura gigantesca espalhada .por todo o país, com 600 pontos de atendimento, mais de 4.000 funcionários e um orçamento anual de R$ 900 milhões.
Mas, por outro lado, seu desafio também é gigantesco: apesar de as micro e pequenas empresas representarem 99% do total de empresas do país, os pequenos empresários sofrem com uma dura realidade que combina alta tributação e dificuldade de acesso a crédito e tecnologia. O resultado da dobradinha é fatal. Segundo pesquisas do próprio Sebrae, 50% das empresas morrem antes de completar o segundo ano de atividade.
Okamotto pretende dar continuidade ao trabalho que já vinha sendo feito na instituição, com a diferença de que quer fazer uma "revolução" nos atendimentos do Sebrae. Ex-metalúrgico, acredita que a proximidade com o presidente Lula, de quem é amigo pessoal, vai colocar a questão da micro e pequena empresa no Brasil na pauta de maneira permanente. "O presidente Lula é sensível ao problema", explica.
Ele concedeu esta entrevista exclusiva à SeuSUCESSO.
SeuSUCESSO: Agora que assumiu a presidência do Sebrae, quais são seus planos para o futuro da instituição? Paulo Okamoto: Basicamente, nosso plano é consolidar o trabalho que já vinha sendo feito nos dois últimos anos. Desde essa época, estamos fazendo um levantamento com a sociedade para identificar a necessidade dos empreendedores e a idéia é, com essas informações na mão, focar o nosso trabalho nos resultados, nas soluções para os problemas. A idéia também é transferir o conhecimento de forma mais rápida ao empreendedor, qualificá-lo e acelerar o processo para que as empresas se tornem mais inovadoras. A nossa obrigação é diminuir a taxa de mortalidade e fazer a pequena empresa gerar riqueza.
SeuSUCESSO: Que tipo de informações o senhor tem encontrado? Okamotto: O que percebemos é que a maioria esmagadora dos empreendedores não procura o Sebrae antes de abrir seus negócios. Também não nos procuram para manter a empresa ''viva''. O que pretendemos fazer é o que tenho chamado de uma "revolução" nos nossos atendimentos. Isso quer dizer que vamos melhorar a comunicação com o nosso público e, a longo prazo, criar uma cultura empreendedora no Brasil, para que o empresário possa se qualificar constantemente. Por exemplo, vai ser mais fácil entrar em contato com o Sebrae, por meio de um call center nacional. Também vamos implementar mudanças no nosso portal para melhorar a comunicação.
SeuSUCESSO: Qual a bandeira que o senhor vai defender como presidente do Sebrae? Okamotto: Não dá para ter uma só bandeira. São muitas as necessidades dos pequenos negócios no Brasil. Eles precisam de acesso mais fácil a crédito, acesso a tecnologia de ponta, mais informações sobre o mercado, entre outras necessidades. Olhar para a pequena empresa no Brasil é quase como cuidar de uma criança, precisa de cuidados constantemente.
SeuSUCESSO: Quais serão os programas do Sebrae mais beneficiados com a verba de R$ 900 milhõe8 de 2005? Okamotto: Desse montante, R$ 840 milhões serão repassados às unidades estaduais e aos nossos parceiros, como o Sesi e as incubadoras. De qualquer forma, 60% de todo o orçamento serão investidos em programas coletivos, como as centrais de negócios, as incubadoras de empresas e as cooperativas. Essa é uma forma de atender o maior número possível de pessoas e gerar conhecimento de forma mais rápida. O restante da verba é destinado ao atendimento individual dos empreendedores.
SeuSUCESSO: Com tanta dificuldade para abrir uma empresa no Brasil, pagar os tributos e impostos e enfrentar a concorrência - às vezes até pirata -, muitos empreendedores acabam optando pela informalidade. O que o Sebrae pretende fazer para evitar isso? Okamotto: O que acontece hoje é que a informalidade é vista como algo vantajoso para o empreendedor porque a carga tributária é elevada e porque ele não dispõe de recursos para investir no negócio. Além disso, quem é legalizado ainda sofre com a concorrência desleal dos informais. O que é preciso fazer é inverter essa situação. Tem que dar condição para que o empreendedor veja que legalizar a empresa vale a pena.
Oferecer, por exemplo, vantagens e benefícios para uma empresa formal conseguir crédito no banco. Uma das medidas do Sebrae para inverter a situação é o projeto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, que vai permitir, entre outras mudanças, a diminuição da burocracia e fazer com que a carga tributária seja do tamanho do bolso do empreendedor. A forma que vejo de mudar isso é transformar a informalidade em sinônimo de prejuízo.
SeuSUCESSO: Há previsão para a aprovação da Lei Geral? Okamoto: Não tem previsão. A pauta no Brasil é muito relevante, mas o que posso dizer é que a questão dos pequenos negócios é urgente e não é só o Sebrae que está lutando por essa causa, são os próprios empreendedores, os sindicatos e as associações de classe.
SeuSUCESSO: Já que falamos sobre a pauta no Brasil, como a sua proximidade de longa data com o presidente Lula pode ajudar o Sebrae e os pequenos empresários? Okamotto: Independentemente de qualquer amizade, hoje o Sebrae é uma instituição muito respeitada, mas é evidente que a minha proximidade com o presidente Lula vai significar mais oportunidade na pauta para a pequena empresa, incluir o assunto na agenda de forma permanente. O governo está sensível para o problema da micro e pequena empresa.
SeuSUCESSO: Que conselhos o senhor daria a alguém que hoje, no Brasil, pretende montar seu próprio negócio? Okamotto: Diria para que procure estudar tudo, sobre o empreendimento, as estruturas de custo, o mercado no qual está entrando... E que procure o Sebrae, que tem muitas dessas informações prontas e acessíveis. Também aconselho que o empreendedor seja apaixonado pelo negócio.
SeuSUCESSO: Os estudos do próprio Sebrae mostram que 50% das empresas morrem ainda no segundo ano de atividade. O que, de maneira geral, tem se mostrado realmente eficaz para permitir a sobrevivência das empresas? Okamotto: Acho que é a combinação entre muita informação do empreendedor, a capacidade de inovar constantemente, criando novas formas de vender, de agradar o cliente ou lançando novos produtos, e a paixão pelo negócio.
SeuSUCESSO: O senhor tem alguma experiência como empreendedor? Okamotto: Tenho uma empresa de comércio eletrônico, que vende brindes. Quando fui tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, também criamos, pela própria necessidade, uma gráfica, um centro cultural e programas de televisão. De toda a minha experiência, porém, acho que o mais importante é o conhecimento que tenho da realidade do Brasil. Nasci em Mauá, no ABC paulista, e trabalho há mais de 40 anos. Trabalhei em bar, fui metalúrgico, negociei com muitos empresários na época do sindicato. Minha experiência é a prática, é a de quem conhece a vida real, de quem freqüentou fila de INSS. De alguma forma, é isso que eu espero do Sebrae, que ele seja prático, voltado à realidade dos empreendedores brasileiros.
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