Empreendedorismo data driven: a análise de dados em pequenas empresas
Nos últimos anos, o empreendedorismo vem passando por uma transformação significativa. A partir de novas tecnologias e soluções de inteligência artificial e automação, o olhar para os dados ficou mais evidente. O acesso facilitado a análises complexas, ferramentas digitais e pesquisas de mercado abriu caminho para a cultura data driven, na qual a informação é o recurso central para direcionar ações e garantir competitividade e os dados são o ponto de partida para escolhas mais assertivas.
A cultura data driven auxilia desde a escolha correta do público-alvo e a validação de produtos ou serviços no mercado até a definição de estratégias para ofertá-los. Todas as decisões podem ser feitas com base em dados, aumentando as chances de crescimento sustentável para as empresas.
A pesquisa global Voice of the Enterprise, realizada em 2022, revelou que 70% das empresas tomam decisões data driven, ou seja, baseadas em dados, e veem benefícios nisso. Neste artigo, você vai entender o que são as empresas data driven, por que essa abordagem é importante, quais seus benefícios e como aplicá-la de forma prática no seu negócio.
O que é data driven?
Ser data driven significa que profissionais e, portanto, organizações utilizam análise de dados para orientar tanto as decisões estratégicas quanto as operacionais. Esse modelo prioriza fatos concretos e métricas mensuráveis, garantindo que cada escolha seja pautada nas evidências fornecidas pelos dados.
O termo data driven foi utilizado pela primeira vez em 1976 por John A. Nesheim, professor da Universidade de Cornell, para descrever decisões projetuais e de manufatura guiadas por dados. Em décadas anteriores, as empresas já utilizavam estatísticas e pesquisas de mercado (como amostras e relatórios analíticos), mas ainda partiam em grande parte da experiência e do julgamento humano.
Com o avanço da era digital, surgiram grandes volumes de dados gerados em tempo real pelas redes sociais, por exemplo. Esse ambiente impulsionou o Big Data, além de ferramentas como inteligência artificial, machine learning e sistemas robustos de coleta e processamento. Esses avanços permitiram transformar dados brutos em conhecimento, potencializando a tomada de decisão.
Além disso, a evolução do data driven não acontece apenas na tecnologia: ser data driven também é uma cultura organizacional. Os processos, as tecnologias, as metas e as métricas (KPIs) devem ser construídas em torno dos dados.

O que são empresas data driven?
Empresas data driven são aquelas que realizam uma gestão orientada por dados. Isso quer dizer que essas empresas coletam, armazenam e analisam dados reais para guiar a tomada de decisão nos negócios e direcionar seus objetivos e metas. Apesar de parecer um conceito novo, é apenas mais uma forma de nomear uma prática que muitas empresas já utilizam há anos, que é o uso de estatísticas, análises de mercado e pesquisas. Além disso, empresas que atuam de forma digital ou que utilizam a internet para se comunicar com o cliente e anunciar seus produtos, conseguem capturar as informações dessas interações e aproveitá-las no futuro.
Entre as principais características de empresas data driven estão:
decisões orientadas por dados: cada escolha baseia-se em informações concretas obtidas de múltiplas fontes;
uso estratégico de tecnologia: as empresas adotam ferramentas como dashboards e sistemas para processar e visualizar dados de forma eficaz;
cultura amplamente disseminada: a mentalidade data driven não fica limitada ao departamento de análise, ou seja, deve estar em toda a organização para que gestores e colaboradores usem dados nas suas operações;
foco na qualidade e na segurança dos dados: é fundamental garantir que os dados utilizados sejam precisos, bem tratados e conduzidos dentro das normas da LGPD;
ciclo contínuo de feedback: as ações baseadas em dados geram novos insights, fomentando um ciclo contínuo de aprendizado, ajuste e aprimoramento.
Por que adotar uma abordagem data driven?
Usar uma abordagem data driven permite alcançar mais agilidade, assertividade e personalização. No lugar de depender apenas de conhecimento adquirido, os empreendedores conseguem responder rapidamente às mudanças de mercado com base em informações atuais, ajustando rotas em tempo real. Essa agilidade é importante em um cenário de concorrência intensa.
Outro ponto é que o data driven garante maior assertividade. Com informações baseadas em análises estatísticas, Big Data e ferramentas de inteligência de mercado, é possível identificar padrões de consumo, prever tendências e reduzir erros de planejamento. Isso resulta em decisões mais seguras, campanhas de marketing melhor direcionadas e maior eficiência no uso de recursos.
Os jovens empreendedores brasileiros já demonstram uma forte inclinação para modelos inovadores e data driven: segundo pesquisa do Sebrae, o país conta com 7 milhões de empreendedores com até 34 anos, dos quais 1,9 milhão tem até 24 anos. Essa nova geração busca fazer a diferença no mundo (80%) e usa cada vez mais da tecnologia e da cultura de dados como base para validar ideias, ganhar competitividade e criar negócios que dialoguem diretamente com os desejos dos consumidores.

Benefícios de ser uma empresa data driven
Na pesquisa Voice of the Enterprise, 56% dos profissionais participantes relataram que estar em uma empresa data driven melhora a agilidade dos negócios. Além disso, 49% veem benefício na automação de processos com uso de ferramentas e outros 49% apontam ganho no desenvolvimento de produtos e serviços, já que conseguem ter mais qualidade nas validações de mercado.
Veja abaixo mais alguns benefícios dessa abordagem.
Maior precisão nas decisões do negócio
Uma análise de cenário baseada em informações que foram reunidas a partir do comportamento ou da opinião do cliente oferece mais chances de acertar na tomada de decisão.
Entendimento melhor do cenário
Os dados não mostram o futuro para o gestor, mas indicam padrões de comportamento e de mercado que podem ajudar a empresa na hora de definir uma estratégia. Por exemplo, se os dados mostrarem que o poder aquisitivo dos clientes da marca está caindo, a empresa pode investir em ações estratégicas para evitar o prejuízo e não perder vendas.
Independência para o colaborador
O acesso aos dados torna o colaborador menos dependente do seu gestor. Tendo as informações necessárias para executar seu trabalho com qualidade, o colaborador não precisará esperar a resposta do gestor para questões simples, se tornando mais autônomo.
Como transformar seu negócio em uma empresa data driven
O caminho para se tornar data driven é tanto técnico quanto cultural: tecnologia e ferramentas são o ponto de partida, mas o verdadeiro ganho vem quando metas, pessoas e processos se alinham aos dados. Não basta coletar dados, é preciso traduzi-los em ações, treinar a equipe e manter ciclos de aprendizagem contínuos.
Para te ajudar, fizemos um passo a passo.
1. Defina propósito e objetivos de negócio
Documente as perguntas de negócio que os dados devem responder (por que, o que, quando, como) antes de buscá-los e relacione objetivos estratégicos (ex.: reduzir o Custo de Aquisição de Clientes e aumentar retenção) a decisões mensuráveis.
2. Escolha entre 3 e 5 indicadores prioritários para focar as decisões de negócio
Comece com indicadores centrais (ex.: CAC, taxa de conversão, tíquete médio, ciclo de vendas, faturamento). Foque no que realmente guia suas decisões no curto prazo e não tente medir tudo de uma vez.
3. Mapeie fontes de dados e faça um inventário
Liste onde os dados já existem: site, redes sociais, CRM, ERP, planilhas, pesquisas com clientes. Identifique lacunas e prioridades para integração e realize um mapeamento de soluções antes de comprar ferramentas.
4. Implemente ferramentas básicas (comece pelas gratuitas)
Faça a integração do Google Analytics ao seu site, utilize Google Trends para pesquisa de demanda, configure um CRM gratuito e use Mailchimp para e-mail marketing e o gerenciador de redes sociais da própria Meta e do LinkedIn. Essas ferramentas fornecem dados suficientes para começar a operar.
5. Garanta qualidade, segurança e governança de dados
Defina responsáveis, regras de coleta, padrões de entrada (formatos) e políticas de privacidade. Revise periodicamente a qualidade dos dados antes de tomar decisões com base nisso.
6. Configure painéis e relatórios simples
Crie dashboards com os indicadores escolhidos e faça relatórios semanais e um relatório estratégico mensal. Comece com visualizações simples para acelerar a interpretação e a definição de ações.
7. Treine e engaje sua equipe
Treinamentos práticos e responsabilidades claras são imprescindíveis para que a mudança cultural aconteça, afinal a tecnologia sozinha não basta.
8. Automatize, escale e gerencie continuamente
Quando os processos estiverem rodando (indicadores estáveis, dashboards, equipe treinada), automatize relatórios e campanhas e invista em novas tecnologias. Continue avaliando a qualidade dos dados, revisando indicadores e promovendo melhoria contínua.
9. Facilite a integração de dados
As fontes de coleta de dados devem estar conectadas para facilitar o cruzamento, a manipulação e a análise das informações. Por isso, é fundamental investir em ferramentas que permitam trabalhar de forma integrada, mantendo todos os dados no mesmo lugar. Isso permitirá que as informações necessárias para a tomada de decisão sejam centralizadas.

Use os dados para crescer
Mais do que adotar ferramentas tecnológicas, usar a abordagem data driven é consolidar uma cultura organizacional que valoriza a coleta, a análise e o uso de informações em todas as decisões. As pequenas empresas têm nessa abordagem uma aliada para crescer com solidez.
Essa prática amplia a agilidade para responder às mudanças, garante assertividade na definição de estratégias e abre caminho para a personalização da relação com o cliente. Continue acompanhando os conteúdos do Sebrae aqui no blog para se manter informado sobre as principais tendências para as empresas e conheça nossas soluções para seu negócio crescer cada vez mais.