Certificações para produtos agrícolas: o que são, como obter e como ajudam a vender mais
O consumidor está cada vez mais exigente. Hoje, a procedência dos alimentos, a forma como são produzidos e a segurança no consumo influenciam diretamente a decisão de compra. Nesse contexto, as certificações e a rastreabilidade se tornaram ferramentas essenciais para quem deseja agregar valor aos produtos agrícolas, justificar preços mais altos e conquistar novos mercados, como supermercados, feiras especializadas e até exportação.
Neste artigo, você vai entender o que são essas ferramentas, como aplicá-las no dia a dia da produção rural e por que podem fazer toda a diferença para o seu negócio crescer com mais reconhecimento e segurança.
O que são certificações e rastreabilidade para produtos agrícolas?
Certificações são selos concedidos por órgãos oficiais ou entidades acreditadas que atestam que os produtos agrícolas seguem normas específicas de qualidade, segurança, sustentabilidade ou origem. Essas certificações demonstram, de forma clara e confiável, que aquele alimento foi produzido de acordo com determinados padrões, o que pode ser um grande diferencial competitivo no mercado.
Já a rastreabilidade é a capacidade de identificar e acompanhar a trajetória de um alimento desde a sua origem (semente, criação ou produção) até a mesa do consumidor. Isso inclui informações como local de cultivo, tipo de insumos usados, transporte, embalagem e armazenamento.
Para alguns produtos agrícolas, como frutas, legumes e verduras, a rastreabilidade já é obrigatória, conforme determina a Instrução Normativa nº 2/2018 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Isso pode ser feito de forma simples, com etiquetas, QR Code, cadernos de campo ou sistemas digitais.
Juntas, as certificações e a rastreabilidade ajudam a construir uma produção mais organizada, segura e confiável para quem vende e para quem compra.

Quais os benefícios de investir em certificações e rastreabilidade?
Antes de iniciar o processo de certificação e de rastreabilidade, é importante entender o impacto positivo que essas práticas podem ter no seu negócio. Mais do que atender exigências legais, garantem credibilidade, profissionalismo e acesso a novos mercados. Veja a seguir os principais benefícios.
1. Valor percebido pelo cliente
Produtos agrícolas certificados transmitem confiança e transparência. O consumidor se sente mais seguro ao saber a origem dos alimentos e como foram produzidos, o que pode ser decisivo na hora da compra. Além disso, fortalece a relação com a marca e pode justificar preços mais altos.
2. Acesso a novos mercados
Certificações abrem portas para canais que exigem maior controle de qualidade, como supermercados, programas de compras públicas e exportações. Além disso, ajudam a conquistar nichos mais exigentes, como alimentação escolar, empórios gourmet, mercados premium e até mesmo consumidores com restrições alimentares ou preferências específicas.
3. Destaque para a produção local
Em feiras, empórios, associações ou cooperativas, o selo de certificação e rastreabilidade é um diferencial competitivo. Isso porque mostra que aquele produtor investe em qualidade e boas práticas, o que fortalece a imagem da agricultura familiar e da produção regional.
4. Profissionalização e controle dos processos
Ao organizar informações, documentar as etapas e seguir boas práticas, o produtor melhora a gestão da propriedade e facilita as auditorias e a participação em chamadas públicas, financiamentos e parcerias com grandes compradores. Com isso, pode fazer seu negócio crescer com mais segurança.
Certificações que agregam valor aos produtos agrícolas
Existem diversos tipos de certificação que podem ser aplicadas a produtos agrícolas, dependendo do tipo de produção, do público-alvo e dos mercados que se pretende alcançar. Destacamos abaixo as mais relevantes para pequenos e médios produtores.
Orgânico (Mapa): certificação voltada para alimentos cultivados sem agrotóxicos, fertilizantes químicos ou transgênicos. O selo é muito valorizado por consumidores que priorizam saúde e sustentabilidade.
Selo Arte: destinado a produtos artesanais de origem animal, como queijos, mel, embutidos e defumados. Permite a comercialização em todo o território nacional, mesmo com inspeção local.
Selo do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA): reconhece a equivalência do serviço de inspeção municipal ou estadual ao federal, permitindo a venda de produtos de origem animal entre estados.
Halal e Kosher: certificações voltadas a públicos específicos, com base em exigências religiosas. Apesar de serem mais nichadas, oferecem grande valor agregado e boas oportunidades de exportação.
Boas Práticas de Fabricação (BPF): conjunto de normas que organizam o processo produtivo, com foco em higiene, segurança e controle de qualidade. É uma base essencial para outras certificações mais complexas.
Esses selos não são apenas símbolos nas embalagens: representam um compromisso com a qualidade dos produtos agrícolas e abrem caminhos para novos mercados e consumidores.

Passo a passo 1: como começar o processo de certificação
Agora que você já sabe o que são certificações e rastreabilidade e como essas práticas podem valorizar os seus produtos agrícolas, vamos ao primeiro passo a passo. A seguir, veja o que é necessário para iniciar o processo de certificação.
1. Avalie o seu produto e mercado
Entenda se o tipo de certificação desejada faz sentido para o que você produz e para quem você vende. Nem sempre é necessário ter todos os selos, o ideal é escolher os mais estratégicos para o seu negócio.
2. Busque apoio técnico
Procure instituições como o Mapa, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) ou o Sebrae/SC, que oferecem orientações, cursos e suporte para produtores interessados em certificar seus produtos agrícolas.
3. Implemente boas práticas
Organize sua produção com foco em qualidade, higiene e controle de processos. Isso será essencial para qualquer auditoria ou processo de certificação.
4. Registre e documente tudo
Tenha um histórico da sua produção, com datas, procedimentos, origem dos insumos e destino dos produtos. Isso vale tanto para certificações quanto para a rastreabilidade.
5. Solicite a certificação
Entre em contato com uma certificadora credenciada. Eles vão agendar auditorias, avaliar sua produção e, se tudo estiver correto, emitir o selo correspondente.
6. Divulgue sua certificação
Depois de ter os seus produtos agrícolas certificados, divulgue essa conquista! Inclua o selo nos rótulos, nas redes sociais e nos materiais de divulgação. Isso mostra ao seu público o valor por trás do seu produto.
Passo a passo 2: como aplicar a rastreabilidade
A rastreabilidade pode parecer mais complexa, mas é possível começar de forma simples e eficaz. O importante é garantir o acompanhamento de todo o caminho do produto, desde o campo até o consumidor final, com registros organizados e acessíveis.
O que registrar?
Na prática, rastrear um produto significa registrar informações importantes em cada etapa da produção. Veja os principais dados que devem ser anotados:
origem das sementes ou mudas (nome do fornecedor, variedade, lote);
data de plantio ou início da produção;
aplicação de insumos (quais produtos foram usados, datas, doses, finalidade);
condições do cultivo ou manejo dos animais;
colheita ou abate (data, volume, lote);
processamento e embalagem (se houver);
transporte e destino do produto final.
Como fazer esses registros?
Você pode implementar a rastreabilidade de forma manual ou digital, de acordo com a estrutura da sua propriedade.
Opção 1: Manual (ideal para começar)
Utilize um caderno de campo ou planilhas impressas para anotar todas as informações da produção.
Organize os registros por lote, ou seja, um grupo de produtos que foi produzido em condições semelhantes (mesma área, mesmo dia de plantio etc.).
Marque cada lote com uma etiqueta simples, com numeração sequencial e as informações básicas (ex.: Lote 003 – Tomate – Colhido em 10/06/2025).
Opção 2: Digital (mais controle e agilidade)
Existem aplicativos e softwares específicos para rastreabilidade, muitos desses gratuitos ou com versões simplificadas.
Esses sistemas permitem gerar etiquetas com QR Code, que o consumidor pode escanear para acessar o histórico do produto.
A digitalização facilita o armazenamento dos dados, evita perdas e agiliza auditorias.
Exemplo prático: rastreando a produção de alface
Plantio: no dia 01/05, o agricultor planta cinco canteiros de alface crespa, utilizando sementes da empresa X, lote 1023.
Adubação e tratos culturais: entre 05/05 e 25/05, são aplicados fertilizantes e produtos biológicos, devidamente anotados.
Colheita: em 02/06, a colheita é feita e o lote recebe a identificação “Lote 05 – Alface Crespa – Colheita 02/06”.
Etiqueta:cada caixa é etiquetada com o número do lote e QR Code com os dados da produção.
Entrega: os registros indicam que esse lote foi entregue à feira local no dia 03/06.
Esse sistema simples garante que, se houver algum problema, o produtor e os órgãos competentes saibam exatamente de onde veio aquele lote e possam agir rapidamente.

Seu negócio cresce mais com produtos agrícolas certificados e o apoio do Sebrae/SC
Certificações e rastreabilidade não são apenas obrigações legais ou burocracias, são processos que representam profissionalismo, compromisso com a qualidade e facilidade para alcançar mercados mais exigentes e lucrativos. Mesmo pequenos produtores podem garantir esses selos com planejamento, organização e apoio técnico.
Com essas ferramentas, você aumenta o valor do seu produto, conquista a confiança do consumidor e abre portas para vender mais e melhor. E lembre-se: o Sebrae/SC está ao seu lado para ajudar nessa jornada.
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