Empreendedorismo feminino além do óbvio: a transformação de setores dominados por homens
O empreendedorismo feminino nunca esteve tão forte e, mais do que isso, nunca foi tão diverso. Hoje, as mulheres estão à frente de negócios em setores historicamente dominados por homens, como agronegócio, construção civil, defesa, energia e transporte. De Norte a Sul do Brasil, elas estão provando que competência, visão estratégica e sensibilidade podem transformar qualquer setor.
Em Santa Catarina, o Sebrae Delas tem sido um dos principais aliados dessa transformação. O programa incentiva o empreendedorismo feminino por meio de capacitação, mentorias, eventos e conexões, ajudando as mulheres a ocuparem espaços e liderarem com propósito.
Elas estão onde quiserem
O avanço das mulheres no empreendedorismo vem rompendo barreiras e redefinindo o que antes era considerado “território masculino”. De acordo com a mais recente Pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), desenvolvida em parceria com o Sebrae em 2021, as mulheres representam 45,6% do total de empreendedores em estágio inicial no Brasil.
Além disso, elas estão se destacando cada vez mais em setores técnicos e industriais e se consolidando como protagonistas de novas formas de liderar e inovar.
O avanço do empreendedorismo feminino em setores não tradicionais
Agronegócio
Um estudo da agência Macfor divulgado em uma matéria da Veja neste ano mostrou que, em 7 anos, o número de mulheres em cargos de liderança no agronegócio cresceu 79%. Embora elas administrem apenas 8,5% das propriedades rurais do Brasil, atualmente ocupam 34% das posições de liderança do agronegócio.
Construção civil
De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), 10,85% da força de trabalho formal na construção civil já é composta por mulheres e 20,2% das novas vagas abertas em 2024 foram ocupadas por elas. Além disso, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da PNAD Contínua 2023, mostram um avanço significativo: em 5 anos, o número de mulheres na área cresceu 45%, passando de 193 mil para 279 mil profissionais.
Energia e indústria
As mulheres representam hoje cerca de 19% da força de trabalho no sistema elétrico nacional, segundo a pesquisa da FESA Executive Search de 2023 divulgada pelo Ministério das Mulheres. Embora ainda sejam minoria nos cargos de liderança, apenas 6%, empresas que investem em diversidade já colhem resultados positivos. A Schneider Electric, líder global na transformação digital do gerenciamento e automação de energia, por exemplo, alcançou 25% de mulheres em cargos de liderança e 37% em posições gerenciais na sua operação na América do Sul.
Esses números deixam claro: as mulheres estão transformando setores técnicos e industriais, promovendo inovação, sustentabilidade e novas formas de gestão.
Quebrando estereótipos e redefinindo papéis
Quando mulheres entram em setores tradicionalmente masculinos, elas não apenas abrem portas: elas mudam a cultura. Sua presença traz novas perspectivas sobre liderança, inovação e sustentabilidade. Cada empreendedora que se posiciona com autenticidade contribui para um ambiente de negócios mais inclusivo, diverso e humano.
Um exemplo inspirador vem do documentário De Virada (HBO), que mostra histórias reais de mulheres que desafiaram estereótipos e assumiram o protagonismo no setor do futebol brasileiro, reforçando a mensagem de que não há limites para quem decide empreender com coragem. Porque, afinal, “lugar de mulher é onde ela quiser”, seja no campo, no canteiro de obras ou no comando de um grande clube.

Desafios no caminho do empreendedorismo feminino
Mesmo com tantos avanços, o caminho para o protagonismo do empreendedorismo feminino ainda é cheio de obstáculos: culturais, estruturais e organizacionais. Alguns desses desafios foram identificados em uma pesquisa realizada pelo Sebrae em 2023, que destacamos abaixo.
Sobrecarga de responsabilidades e dupla jornada: muitas vezes, as mulheres empreendedoras acumulam as funções dos negócios e da família. Por exemplo, 76% das empreendedoras afirmam sentir sobrecarga ao equilibrar empresa e cuidados familiares, em comparação com 55% dos homens.
Preconceito e estereótipos: cerca de 1 em cada 4 mulheres empreendedoras relatou ter sofrido preconceito por ser mulher em seus negócios. Além disso, 42% já presenciaram outra mulher sofrendo preconceito.
Diferenças de resultados e capital: mesmo quando iniciam negócios na mesma proporção que os homens, as mulheres costumam apresentar faturamento menor. Por exemplo, o rendimento médio das empreendedoras no último trimestre de 2024 foi de R$ 2.867. Esse valor é 24,4% menor do que o rendimento médio dos homens empreendedores. Além disso, de acordo com um levantamento da plataforma MaisMei, as mulheres representam 43,7% dos MEIs, mas apenas 16,3% delas faturam acima de R$ 4 mil por mês, contra 33,1% dos homens.
Barreiras de representatividade nos setores industriais e técnicos: apesar do crescimento que apresentamos, as mulheres ainda são minoria em áreas tradicionalmente masculinas, como construção civil, agro, energia e transporte. A escassez de referências, mentoras ou modelos femininos faz com que o “lugar correto” para a mulher seja mais questionado nesses ambientes.
O Sebrae Delas e o apoio ao empreendedorismo feminino
Apesar dos desafios, a simples presença de mulheres empreendedoras em áreas técnicas e industriais já representa uma revolução cultural: elas mostram que “lugar de mulher é onde ela quiser”. E o Sebrae Delas surge exatamente para tornar essa presença ainda maior e reduzir as desigualdades.
O Sebrae Delas é mais que um programa, é uma comunidade que conecta inspiração e ação. Com iniciativas que unem capacitação, visibilidade e parcerias estratégicas, o projeto fortalece o empreendedorismo feminino em todos os setores.
Capacitação e mentoria: o programa oferece trilhas que envolvem o desenvolvimento de competências técnicas e empresariais (gestão, finanças, marketing) e de habilidades socioemocionais (autoconfiança, networking, liderança).
Rede de apoio e visibilidade: as empreendedoras participam de eventos, missões técnicas, feiras de negócios, sessões de networking e plataformas que conectam mulheres. Um exemplo é o Delas Summit, evento que reúne mulheres líderes de diferentes áreas para compartilhar experiências e oportunidades.
Orientação para setores não tradicionais: ao estimular mulheres em setores como agro, energia e construção, o Sebrae Delas ajuda a romper a barreira da “área masculina” e cria espaços de pertencimento e oportunidade.
Impactos mensuráveis: até 2023, o programa já havia atendido mais de 150 mil mulheres em todo o país por meio de cursos, consultorias e mentorias para o desenvolvimento de competências emocionais.
Um futuro sem rótulos
O empreendedorismo feminino é plural, potente e está em constante expansão. Cada mulher que decide empreender está abrindo caminho para muitas outras e mostrando que o futuro dos negócios é mais inclusivo e colaborativo.
Se você também quer transformar o seu setor e crescer no empreendedorismo, conheça o Sebrae Delas e conecte-se a uma rede de apoio, capacitação e inspiração que acredita no protagonismo feminino em todas as áreas.