Nanoempreendedor: quando e como evoluir para a formalização
Nos últimos anos, um novo perfil vem ganhando espaço no cenário dos pequenos negócios: o nanoempreendedor. Essa categoria representa milhões de brasileiros que começaram de forma independente, com baixo investimento e muita criatividade, mas que ainda estão fora da formalidade.
Neste artigo, você vai entender o que é o nanoempreendedorismo, quando faz sentido atuar nesse modelo e como evoluir para se tornar um Microempreendedor Individual (MEI) ou abrir sua empresa.
O que é um nanoempreendedor e por que esse conceito ganhou força
De acordo com um Relatório de Inteligência do Observatório do Sebrae/SC, o nanoempreendedor é uma nova categoria criada pela Reforma Tributária, que simplifica regras e pode transformar a realidade de milhões de trabalhadores informais no Brasil. A modalidade, que entra em vigor a partir de 2026, foi desenhada para quem fatura até R$ 40,5 mil por ano e atua de forma individual, sem CNPJ, com operações de pequeno porte e, muitas vezes, a partir da própria casa.
Esse modelo surgiu como uma ponte entre a informalidade total e o Microempreendedor Individual (MEI), especialmente em tempos de alta no desemprego e de avanço das tecnologias de venda online. Em 2024 e 2025, o nanoempreendedorismo cresceu no Brasil e em Santa Catarina, impulsionado por plataformas digitais, deliverys e redes sociais.
Alguns exemplos de trabalhadores que podem se encaixar nesse formato são:
quem vende comida ou doces caseiros por encomenda;
profissionais de beleza e estética que ainda não têm CNPJ;
motoristas de frete e transporte que atuam por conta própria;
artesãos, diaristas, costureiras e prestadores de pequenos serviços;
entregadores de compras por aplicativo.
Assim, o nanoempreendedorismo se torna uma porta de entrada para o empreendedorismo formal, mas é importante saber o momento certo de evoluir.

Quando faz sentido atuar como nano (e quando não faz)
Atuar como nanoempreendedor faz sentido quando você está:
testando um novo produto ou serviço;
buscando uma alternativa de renda complementar;
atendendo poucos clientes ou demandas eventuais;
validando seu modelo de negócio antes de registrar um CNPJ.
Por outro lado, não faz sentido atuar como nanoempreendedor quando:
seus clientes são empresas e pedem nota fiscal;
você já tem contratos recorrentes ou agenda cheia;
você precisa de crédito ou quer formalizar parcerias com fornecedores.
Além disso, alguns sinais de que já passou da hora de formalizar seu negócio são:
você está recusando pedidos por falta de nota fiscal;
você precisa contratar alguém para ajudar;
seu faturamento mensal se aproxima de R$ 6 mil a R$ 7 mil;
você quer crescer e divulgar seu negócio com mais confiança.
Quando notar esses sinais, é hora de partir para o próximo passo: abrir um MEI, um processo simples e gratuito.
Riscos de permanecer informal
Além dos pontos que listamos a seguir, que indicam quando não faz sentido atuar como nanoempreendedor, é preciso lembrar que essa é uma modalidade informal, e a informalidade pode parecer mais simples no início, mas traz riscos sérios no médio e longo prazo. Os principais riscos de continuar informal são:
perder contratos e oportunidades com empresas formais;
ficar sem proteção previdenciária (como aposentadoria e auxílio-doença);
ter dificuldade para acessar crédito e fornecedores;
enfrentar barreiras para crescer e contratar equipe.
Além disso, segundo o Relatório de Mortalidade dos Pequenos Negócios em Santa Catarina, realizado pelo Observatório do Sebrae/SC, 4 em cada 10 pequenos negócios não conseguem superar os primeiros anos de atividade. Entre as principais causas do fechamento de empresas no estado estão a falta de planejamento, a gestão financeira precária, a ausência de diferenciação e a dificuldade de adaptação, que podem estar diretamente ligadas à informalidade.
Formalizar é mais do que pagar impostos: é investir na segurança e no futuro do seu negócio.

Do nano ao MEI: passo a passo prático
Migrar de nanoempreendedor para MEI é simples e traz grandes benefícios, como CNPJ, possibilidade de emitir notas, acesso à benefícios (como aposentadoria) e ao crédito.
Confira abaixo um checklist prático para se formalizar como MEI.
Estime sua receita mensal e anual e compare com o limite do MEI, que é de R$ 81 mil anual ou R$ 6.750,00 mensais.
Escolha a sua Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e verifique se é permitida.
Abra seu MEI gratuitamente no Portal do Empreendedor.
Conheça suas obrigações básicas, como pagamento mensal do DAS-MEI (Documento de Arrecadação do Simples do Microempreendedor Individual) e emissão de notas fiscais.
Capacite-se com o Sebrae: participe de cursos e consultorias para estruturar seu negócio.
Rotas de crescimento: plataformas e crédito
Depois da formalização como MEI, uma das formas mais rápidas de impulsionar seu negócio é aproveitar as plataformas digitais. O Relatório sobre Economia de Plataformas, também do Observatório do Sebrae/SC, mostra que marketplaces e aplicativos podem ampliar a demanda e dar visibilidade, especialmente para quem atua com serviços, alimentação ou produtos criativos.
Para começar a utilizar essas plataformas:
avalie o custo das taxas e a reputação da plataforma;
use avaliações e fotos de qualidade para destacar seu perfil;
mantenha controle financeiro do seu negócio para não depender de um único canal.
Outra forma de fazer sua empresa evoluir é investir em eficiência de custos, especialmente com energia. O relatório sobre Transição Energética em Santa Catarina destaca o potencial da energia solar e de práticas sustentáveis para reduzir despesas, melhorar a imagem do negócio e alinhar-se à agenda ESG (Ambiental, Social e Governança).
Quando migrar de MEI para Microempresa (ME)
O crescimento é sinal de sucesso e também pode exigir uma nova mudança. Por isso, fique atento aos sinais de que é hora de migrar de MEI para Microempresa (ME):
seu faturamento ultrapassou o limite anual do MEI;
você precisar contratar mais de uma pessoa;
seu negócio está se expandindo para novos mercados, canais ou parcerias.
Esse momento chegou? Então, confira aqui o passo a passo mais amplo para abrir uma empresa e se formalizar como ME.
Do nano ao grande passo e o apoio do Sebrae nesse caminho
Ser nanoempreendedor é um começo legítimo e importante: é o primeiro passo para testar, aprender e construir um negócio sólido. Mas, para transformar seu esforço em crescimento real, a formalização é essencial.
Conte com o Sebrae para trilhar esse caminho com segurança, apoio e conhecimento. Acesse nossos cursos, consultorias e materiais gratuitos e descubra as vantagens de formalizar seu negócio.