Como se tornar uma líder? Três mulheres para se inspirar
A inspiração por meio do exemplo é um dos fatores que fazem a diferença para o crescimento e fortalecimento do empreendedorismo feminino. Ter mulheres em postos de liderança influencia meninas, jovens e até mesmo profissionais experientes a aspirar novas posições para suas vidas e suas carreiras.
Quantas mulheres cientistas você conhece? Quantas empresárias de sucesso no comando de grandes negócios? Quantas líderes carismáticas e influentes? Apesar de já existirem muitas profissionais atuando nessas áreas, a representatividade ainda é baixa. Para se ter uma ideia, na carreira científica, as mulheres são menos de 30% da força de trabalho em pesquisa e desenvolvimento no mundo todo, segundo estimativas da UNESCO.
O termo em inglês role model não tem uma tradução ao pé da letra para o português, mas pode ser entendido como o conceito de uma pessoa que causa admiração e serve de modelo para outras, ou seja, a inspiração por meio do exemplo. Quanto mais empreendedoras e profissionais exercerem uma posição de líderes e compartilharem suas trajetórias, mais mulheres vão se sentir inspiradas e encorajadas a assumirem o protagonismo.
Por isso, o Sebrae Delas Mulher de Negócios convidou três empreendedoras de sucesso, com perfis e trajetórias diferentes e complementares, para dividir suas histórias, desafios e conquistas. Uma mentora de mentores, uma empresária de sucesso e uma cientista que virou mãe dividem dicas preciosas que podem inspirar você!
CHAI CARIONI
Precisamos ser líderes de nós mesmas
“É clichê? Sim, é um pouco clichê. Parece papo de coach? É um pouco papo de coach. Mas é a mais pura verdade”, diz Chai Carioni sobre a autoliderança. Para ela, que é escritora, autora de best-seller e mentora de mentores, especializada em liderança e desenvolvimento pessoal, primeiro é preciso se conhecer, se respeitar e praticar o autocuidado. Esse exercício da autorresponsabilidade é o que traz resultados e inspira no seu jeito de liderar.
Foco no objetivo
Valorizar sua história faz parte do processo de desenvolvimento pessoal e autoconhecimento tão necessário para assumir o protagonismo. Chai pediu demissão do banco em que trabalhou por onze anos e, ao invés de ser desligada do trabalho, ganhou uma promoção. Mas ela tinha o foco no plano de morar fora com a família. Tirou um ano sabático e foi para a Califórnia, nos Estados Unidos, com o marido e o filho pequeno, em 2012. Foi nesse momento que ela começou a compartilhar sua experiência em um blog e nas redes sociais: “Era uma mulher muito acelerada, muito workaholic e que tinha ido desacelerar, descer do salto, morar nos Estados Unidos para ser uma estudante, mãe e dona de casa”. Na volta ao Brasil, ela retomou o trabalho no banco por mais alguns anos e decidiu empreender com mentoria e treinamento, que já era uma de suas atividades no trabalho. “Era o que eu mais gostava de fazer”, completa.
Pequenas conquistas importam
São tantos desafios na vida da empreendedora que, às vezes, é difícil dar a importância necessária às pequenas conquistas. Chai gosta de fazer marcações anuais da sua trajetória no empreendedorismo. No primeiro ano, ela precisava conciliar a maternidade e um recente AVC sofrido com o início de uma carreira empreendedora. No ano seguinte, o desafio era fazer dinheiro e se posicionar de maneira diferente, foi quando começou a dar cursos online, workshops e imersões. Em 2018, ela foi convidada a palestrar fora do país, em Miami, nos EUA. Dessa maneira bem sistemática e pontual, ela tem uma visão clara do seu crescimento e pode celebrar cada vitória. Para ela, o auge é o lançamento do seu livro “Guerreiras Dizem Sim Para Si Mesmas”, em 2021.
Invista em você
Isso é investir no autoconhecimento. “Muitas mulheres investem em estética, visual, roupa, carro, casa. Nada contra! Eu gosto, acho que é importante, mas vejo as pessoas investirem muito em bens materiais e pouco em conhecimento e experiência”, diz Chai. Para ela, esse é um ponto importante que mulheres que almejam empreender e liderar devem estar atentas. Outro aspecto é entender com clareza qual o seu posicionamento, sua marca pessoal, seu principal valor e como transmitir isso para o público-alvo. “O cliente vende a gente, na minha visão esse sempre foi o meu grande segredo de sucesso, eu sempre dei protagonismo para os meus clientes e, consequentemente, acabei me tornando protagonista também. Para mim essa é a grande dica”, completa Chai.
MAITÊ LANG
Ideias que geram impacto positivo
A fundadora da Nugali, premiada e reconhecida marca de chocolates catarinense, também saiu do ambiente corporativo para empreender. Maitê Lang sempre gostou da ideia de entregar valor atendendo aos desejos e necessidades das pessoas. “Comecei a trabalhar cedo, em grandes corporações, mas entendi que, com meu próprio negócio, conseguiria colocar em prática todas as minhas ideias e gerar mais impacto positivo para mim mesma e para minha comunidade”, afirma.
Realização de sonhos
De acordo com Maitê, cada indivíduo é único, e, o que funcionou para ela, pode não ter afinidade com os pensamentos e sonhos de outras mulheres. Para essa líder de sucesso, que há 18 anos está à frente do seu próprio negócio, é possível empreender de qualquer lugar, em qualquer função. Funcionários de empresas podem ser empreendedores, servidores públicos e voluntários também. O que move o empreendedorismo, segundo essa empresária, é realizar sonhos e melhorar a própria vida e a de outras pessoas.
Menos cobrança por perfeição, mais comemoração de conquistas
Assim como muitas outras mulheres, Maitê é mãe, filha, esposa e empresária. Administrar todos esses papéis é o principal desafio da sua rotina. “Tento contornar dando o melhor, cobrando menos perfeição de mim mesma”, diz. Para ela, “são longos dias de luta e pequenos momentos de glória". E são justamente esses momentos que fazem tudo valer a pena. No caso da Nugali e da Maitê, essas conquistas não são tão pequenas assim. A marca tem os chocolates brasileiros mais premiados do mundo e é vencedora do Prêmio de Inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), mas ela destaca que o grande valor está nas pessoas. “Temos um time engajado, nossa maior conquista são as pessoas que trabalham conosco” reforça Maitê.
Nada é impossível
Maitê desconhece o significado da palavra impossível, se conhecesse, provavelmente não teria chegado onde chegou. Ela destaca que a resiliência é uma das características da sua personalidade que mais se reflete como inspiração no seu jeito de liderar e é pragmática na hora de dar dicas para outras mulheres que querem liderar e empreender com sucesso: não tirar o olho do fluxo de caixa. E complementa com mais uma dica de ouro: “Está com medo? Finge que tem coragem e vai com medo mesmo”.
LIGIA MOREIRAS
Começo despretensioso
Quando começou a escrever sobre maternidade, Ligia Moreiras não tinha o objetivo de empreender, sua intenção era apenas compartilhar informação de base científica. Ela, que é doutora em ciências, doutora em saúde coletiva, escritora, cientista e criadora do site e perfil Cientista Que Virou Mãe, se tornou mãe por acaso há 13 anos. Na época, não encontrou informação de qualidade sobre o assunto e começou ela mesma a pesquisar e publicar seus textos em um blog que se tornou um sucesso. Quando finalizou seu segundo doutorado, se percebeu com uma escolha a fazer: seguir a carreira acadêmica ou profissionalizar seu trabalho com o Cientista que Virou Mãe. “Decidi por esse segundo caminho e fui atrás de cursos e capacitações. Aí sim foi uma decisão pensada”, diz.
Aceitação é uma conquista
Para Ligia, o principal desafio foi entender e aceitar que o que ela estava trilhando era uma trajetória empreendedora. “Levei muito tempo pra aceitar que era um trabalho, era uma fonte de geração de renda pra mim enquanto mulher, enquanto profissional, enquanto mãe. Se eu não tivesse demorado tanto, eu teria tido menos vulnerabilidade financeira do que eu tive nos anos iniciais”, afirma. Apesar desses percalços, ela se tornou uma referência quando o assunto é a maternidade como um caminho de empoderamento feminino. Além disso, publicou quatro livros e está com um quinto a caminho. Codirigiu documentário e deu palestras Brasil a fora. “Sem falar nas conquistas pessoais que esse caminho empreendedor gerou na minha vida como mulher e como mãe. Possibilidade de trabalhar gerando renda para mim e para minha filha sem abrir mão da companhia dela”.
Expor as fragilidades é uma força
Facilidade para se comunicar e não ter medo de se expor são algumas das características pessoais que fazem a diferença na carreira de Ligia. “Expor nossa trajetória não é uma fraqueza, é uma força. É justamente porque algumas mulheres compartilham suas fragilidades que outras mulheres em situação mais vulnerável se fortalecem para também transformar suas vidas e contar suas histórias. Para a gente poder liderar, para poder se inspirar, a gente tem que saber se comunicar bem, fazer a mensagem chegar até as pessoas” completa.
Não é bobagem, é trabalho
Ligia ainda dá uma série de dicas importantes para mulheres que querem exercer protagonismo e liderança por meio do empreendedorismo:
- Entender que não é um passatempo ou um trabalhinho e nem uma coisinha boba como tanta gente tenta nos convencer que é;
- Olhar pra própria atividade empreendedora de maneira profissional e séria;
- Buscar formação, apoio institucional, se organizar financeiramente, se organizar fiscalmente, não ter medo das questões fiscais;
- Organizar sua rotina para que o trabalho empreendedor não fique relegado aos momentos que sobram;
- Não permitir que as pessoas lhe desvalorizem;
- Não ter medo de cobrar pelo seu trabalho. Sustentabilidade financeira é primordial. Se você não consegue gerar a renda que você precisa, você não consegue continuar seu trabalho;
- Aliar a atuação profissional a um impacto social e ambiental.
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Gostou dessas dicas e quer se inspirar nessas e em outras mulheres de sucesso? O Sebrae Delas traz conteúdo, palestras, trilhas, eventos e soluções com um time de profissionais parceiras que vão motivar você a empreender e liderar.
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